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Não silencie


[Foi difícil terminar esse texto.]

Ultimamente não tenho me expressado como gostaria. Escrevo bastante, só não consigo publicar. Crio diálogos na minha mente, só não consigo colocá-los para fora. E a cada dia eu tenho deixado de falar o que penso, de me posicionar, de opinar e também de dizer o que sinto. Por diversas vezes tentei expressar algo e uma voz - bem lá no fundo - acabava me impedindo. E a verdade é que eu estava ficando sem voz.

Entendo que há tempo para todas as coisas, inclusive o tempo de calar. No entanto, eu já não estava falando mais nada, nem compartilhando as minhas dores, alegrias, as conquistas. Nada. E sobre compartilhar, não digo apenas nas redes sociais, mas com os meus irmãos na fé, amigos ou mesmo com a minha família. 

Tenho lidado com tudo quase sozinha. Não considerando as poucas coisas que falo sem muita profundidade para quem está mais próximo. Ou seja, tenho sido rasa nas minhas conversas, não porque eu quero, mas porque algo em mim tem medo. Vou te contar um segredo que antes de tudo doeu em mim: Isso não é ser igreja

Igreja é lugar de comunhão. E comunhão é relacionamento. Eu tenho visto muito mais as pessoas vivendo em suas bolhas, preocupadas com as suas coisas e esquecendo de ajudar uns aos outros em amor. Eu sei que não é fácil revelar os nossos pontos fracos onde há cultura de vida perfeita e sem defeitos, onde um erro é suficiente para gerar acusações e interpretações erradas. Nessa cultura, não posso admitir que sou falha. Entretanto, é necessário ser vulnerável.

Disso eu já falei bastante, e você sabe tanto quanto eu que não é fácil expor certas coisas. Obviamente, não estou dizendo que tudo deve ser exposto, e sim ter cuidado com aquilo que expomos, principalmente na internet. Em contrapartida, devemos ponderar até que ponto estamos sendo silenciados - ou estamos nos silenciando.

Eu estou com receio de estar sendo confusa e você achar que estou me contradizendo. 

Quando a Bíblia diz que devemos confessar nossos pecados e dificuldades uns aos outros não é atoa, sabe por quê? Porque nós não aguentamos tudo sozinhos, não conseguimos levar uma carga tão grande sobre nossos ombros. Por isso, ao confessarmos, dividimos o peso e a caminhada fica mais leve.

No meu caso, eu tinha - ainda tenho - medo do que as outras pessoas falariam. No entanto, se tem algo que aprendi - na marra - é que nunca devemos buscar aprovação de pessoas, pois certamente seremos frustrados, devemos buscar a aprovação de Deus, somente dEle. E, claro, reconhecer que precisamos uns dos outros para prosseguir e irmos mais longe. 

Não se iluda com fotos bonitas e sorrisos farsantes. Pessoas não vivem em conto de fadas, pessoas erram, pessoas acordam em dias ruins também. Não compare a sua vida com aquilo que elas permitem que você veja. Você não tem acesso à realidade delas. Assim como elas não têm acesso à sua realidade. Uma vez eu li uma frase mais ou menos assim: não compare os seus bastidores com o palco de alguém.

Por isso, esteja disposto a ouvir o outro, compartilhe as suas dificuldades também. Talvez a pessoa não tenha o melhor conselho, mas com certeza ela tem um abraço. Aliás, tenha sempre um abraço na manga. Eles curam muitos males.

É isso.

[Pensei que nunca terminaria esse texto]

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